Recomeçar

"A pior cegueira é a mental, que faz que com que não reconheçamos o que temos à frente" - José Saramago
No livro O Ensaio sobre a Cegueira um homem fica cego, de uma forma inexplicável quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira alastra como se de uma pandemia se tratasse, até originar uma cegueira coletiva, de personagens sem nome. Um mundo que apresenta as contradições da espécie humana, num tempo indefinido, e que por isso mesmo pode ser o ontem, o hoje ou o amanhã.
Após a recuperação desta cegueira é preciso um recomeço, e uma nova forma de ver e olhar o mundo.

O Princípio transmite uma mensagem de esperança: a vida continua, a gargalhada flui contagiosa, as crianças não podem deixar de viver a sua infância ainda que um conflito bélico a queira arrebatar.
A Valsa da Primavera, de Choppin

Notícia disponível em:
Depois de uma pandemia, depois de uma guerra, depois de um desastre, depois de uma crise, ...
É preciso RECOMEÇAR! É preciso pensar nos erros e contorná-los, de forma a evitar que ocorram novamente. E para recomeçar é preciso olhar a humanidade nos olhos, é preciso parar, pensar e só depois agir.
A humanidade está muitas vezes doente, tal como no livro de Saramago, mas é possível melhorar, é possível curar, e muitas vezes não é necessária uma vacina, um medicamento, mas sim uma mudança de pensamento, uma ação. A doença da humanidade pode ser o Princípio de um novo começo, tal como vemos na obra de Paula Carballeira, ou o princípio do fim, como espelha Saramago.
O recomeço é possível sim, e tantas vezes na nossa história o mundo teve de recomeçar, e tantas vezes voltamos atrás e cometemos os mesmos erros do passado, e mesmo assim superamos os obstáculos (com mais ou menos sucesso).
Neste momento estamos a passar (e a ultrapassar) uma pandemia, não uma cegueira como a de Saramago, não uma guerra como a de Paula Carballeira, onde, aos poucos, será necessário um recomeço em muitos dos setores, onde o pensamento da população teve de alterar, onde as ações tiveram consequências, mas há que ser positivo, porque, tal como afirma Mário Centeno, as boas notícias começam a ser mais do que as más, porque claro que vamos ultrapassar e vencer tudo isto. Nunca esquecendo que depois da tempestade vem a bonança, depois do inverno chega a primavera e as ruas e casas ganham cor e voltam a florir, inicialmente com um pouco de nostalgia, tal como a Valsa da Primavera, de Chopin, que, para mim, aconchega (como a primavera), mas ao mesmo tempo me transmite um sentimento de nostalgia, uma necessidade de recuperar o que era e o que já passou.
Deste modo, e indo ao encontro do que acima referi, designei este grupo de "Recomeçar", e creio que, todos os textos aqui presentes, têm, de uma forma mais ou menos explícita, algo de recomeço, algo que necessita força, vontade, e ação para que tudo volte ao normal, ou melhor, para que tudo crie um novo normal, melhor.