#euficoemcasa


A vida em estado de emergência

Acredito que este/a capítulo/página seja a/o mais próximo à minha realidade neste momento. Acredito que o título não seja o mais correto ou o mais literário, contudo é, tendo em conta a situação em que o mundo se encontra, aquele que, para mim, mais se adequa.

Passo a explicar os motivos da sua adequação aos tempos que correm: as redes sociais hoje em dia já desempenham um papel de quase protagonista, mais ainda com o nosso país em estado de emergência, uma vez que são a forma de comunicarmos e sermos ouvidos (algumas vezes), são um meio de partilha de informação e cultura, e único modo de partilha dos abraços e do carinho. Nesta altura, as redes sociais são o que mais nos aproxima, mesmo estando longe. Assim, o uso do # parece-me que faz todo o sentido ser aqui utilizado, visto que é a maneira de condensar ou agrupar e organizar a informação nas redes sociais. 

Relativamente ao termo "eu fico em casa", parece-me uma escolha acertada, uma vez que eu, efetivamente, tenho ficado em casa, como modo de evitar que toda esta pandemia se propague, e é o modo que muitos dos artistas de todo o mundo, nas suas mais variadas línguas, fazem muitas das suas partilhas, através do  uso do #euficoemcasa.

O #euficoemcasa é um título que engloba os imensos textos partilhados pelo mundo, as mais variadas imagens que valem mais que mil palavras, as diversas reflexões artísticas e os inumeráveis festivais de música, que mesmo à distância, abarcam milhões de espectadores por todo o mundo.

Creio que é um título que prova que, neste momento, a cultura (nos seus mais variados géneros e estilos) é a salvação de quem está em casa, e a fonte que nos alimenta a mente e a alma. 

Deste modo, ao longo deste capítulo, irei colocar alguns textos (de vários géneros) que fui encontrando durante o meu tempo em casa. O tempo para procurar e refletir não tem sido muito, mas colocarei aqui textos que por algum motivo me emocionaram ou me fizeram parar no pouco tempo que tenho e pensar com a cabeça no sítio, não sei se no sítio certo ou não. 

Acredito fielmente que um dia, não sei quando nem onde, as crianças de hoje, serão os realizadores de cinema do futuro, e que 2020 será um marco importante, e que será a protagonista dos grandes ecrãs de cinema de 2030 ou 2040, sobre o passado do mundo, tal como o foram tantos outros marcos históricos. E eu, olharei para trás e pensarei que tudo isto me fez reflexionar sobre assuntos com os quais nunca me tinha deparado, que toda esta situação me fez valorizar pequenos momentos da vida até então tidos como banais ou  como algo garantido.



Imagem retirada de Instagram, de @artbabygirl


Ladainha dos Póstumos Natais, de David Mourão-Ferreira


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que se veja à mesa o meu lugar vazio


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que hão-de me lembrar de modo menos nítido


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que só uma voz me evoque a sós consigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que não viva já ninguém meu conhecido


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que nem vivo esteja um verso deste livro


Há-de vir um Natal 

em que terei de novo o Nada a sós comigo


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que nem o Natal terá qualquer sentido


Há-de vir um Natal e será o primeiro

em que o Nada retome a cor do infinito.


"-Todo el mundo está capacitado para filosofar?- le preguntó un estudiante a Merlí.

Luego de un silencio, el profesor le respondió:

-He estado callado por 2 razones: para pensar en la respuesta y para demonstrar que cuando uno piensa la gente lo mira mal. ¿Por qué el pensar está mal visto? ¿No es más censurable la gente que no piensa sobre ninguna cosa?".

Tradução para português:

"Todas as pessoas têm capacidade para filosofar? - pergunta um aluno a Merlí.

Depois de um longo silêncio, o professor responde:

-Estive calado por duas razões: para pensar na resposta e para demonstrar que quando alguém pensa, as pessoas olham de lado. Porque é que o pensar está mal visto? Não são mais censuráveis as pessoas que não pensam sobre coisa alguma?".

Excerto retirado de um episódio da série catalã, Merli


Livro Invencible, de Pascal Ruter

A terna cumplicidade entre um idoso rebelde e o seu neto envolvê-los-à numa aventura em que juntos se revoltarão contra tudo o que resta de diversão na vida.

Todos os netos adoram os seus avós, mas nem todos os avós são como Napoleón, um idoso que sempre foi um tipo excêntrico. Ainda assim, a sua familia não deixa de ficar surpreendida quando Napoleón se divorcia da sua esposa aos 85 anos. Para além disso, e apesar das inúmeras discussões com o seu filho, o velho boxeador recusa-se a ir para um lar de idosos. Napoleón anseia por viver novas experiências e para isso procura o seu maior aliado, o seu neto Leonard.

Ao longo desta aventura, repleta de situações extraordinárias, nascerá uma cumplicidade especial entre avô e neto. Contudo, Leonard, apesar de ver o seu avô mais vivo que nunca, percebe que há algo que o preocupa. Mas, quem poderia colocar cordas e amarrar o imbatível Napoleón?



And the people stayed home, poema de Kitty O'Meara

Quando vier a Primavera, poema de Alberto Caeiro

Na voz e interpretação do ator Pedro Lamares


Imagens retiradas de Instagram, de @johnholcroftillustration


Como não podia deixar de ser, também neste momento de confinamento revi um dos meus filmes/musicais/teatros favoritos. A companhia do teatro musical de Londres dos Les Miserables, lançaram, como forma de contributo para ajudar em todas as questões médicas inerentes à situação vivida neste momento, o dvd Les Miserables: The Staged Concert, que encheu salas de cinema durante o ano de 2019. A verdade é que depois de tantas vezes ver o filme, de assistir ao musical ao vivo, de ver o concerto do 25.º aniversário, mais uma vez esta história não deixou de me surpreender.


Filme turco Milagre na cela 7, disponível em Netflix


Vídeo retirado de Instagram, de @juan_delcan


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